06/08/2020 – Destaque Econômico

Sem fechar as portas para nova queda de juros, Copom levou Selic a 2,0%, mas apontou para inflação mais próxima à meta em 2022. A decisão de redução da Selic em 0,25 p.p., para 2,00% ao ano, ontem, foi tomada por unanimidade. Ainda que acreditássemos em manutenção da taxa por conta de assimetrias no balanço prospectivo de riscos, a decisão não chegou a surpreender. O Comitê reconheceu a presença dessa assimetria, inclusive ponderando questões relacionadas à estabilidade financeira, mas nos pareceu estar menos convicto em relação à continuidade da retomada em curso da economia. De fato, o comunicado divulgado aponta uma “recuperação parcial”, com “incerteza sobre o ritmo de crescimento”, fazendo referência ao período “a partir do final deste ano”, quando o estímulo via auxílio emergencial estiver dissipado. Em todos os cenários considerados, as projeções de inflação mantiveram-se próximas a 3,0% para 2021, horizonte mais relevante das decisões atuais de política monetária. Para 2022, estão entre 3,4% e 3,7%, ante a meta de 3,5%. Apesar disso, o BC mencionou a possibilidade de “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo”, mas apontou que o espaço para essa ação, “se houver, é pequeno”. Contudo, essa possibilidade continuou sendo explicitamente condicionada à trajetória fiscal, além da inflação prospectiva. Por fim, o documento sinalizou que, condicional à evolução do cenário para a inflação, o juro básico não deverá ser elevado em breve, a despeito da já mencionada assimetria no balanço de riscos, já que o Copom “não antevê reduções no grau de estímulo monetário”. Essa mensagem, similar a um forward-guidance (sinalização de intenção da política monetária) de médio prazo, pode se tornar mais constante na comunicação do Banco Central, com impactos sobre as expectativas. Ao nosso ver, o Copom deverá manter a Selic em 2,0% na próxima reunião, se o nosso cenário de continuidade da retomada econômica e de ausência de pressões cambiais se mantiver.  
Indicadores de mercado de trabalho apurados pela FGV sugerem retomada do emprego nos próximos meses. Divulgados há pouco pela FGV, o Indicador Coincidente de Desemprego recuou 0,2 ponto em julho, para 97,2 pontos, sugerindo acomodação no movimento de elevação da desocupação. Já o indicador Antecedente de Emprego avançou 9,2 pontos, para 65,9 pontos. Nesse caso, quanto maior for o dado, melhor a expectativa, o que sugere recuperação do emprego, como já tem sido apontado nos dados do Caged. A despeito desses sinais de melhora, não podemos descartar que a taxa de desemprego continue subindo nos próximos meses, por conta da elevação do número de pessoas procurando ocupação.    Inflação no atacado reflete recomposição das cotações das commodities. O IGP-DI de julho registrou variação de 2,34%, ante 1,60% em junho. Esse resultado ficou acima do que esperávamos (2,25%). O indicador foi impulsionado pela alta expressiva do IPA-Agropecuário, seguida pela aceleração de IPC e INCC. No atacado, a inflação dos produtos agropecuários refletiu, em grande medida, a elevação dos preços de grãos, principalmente de soja, e também de pecuária. O IPA-Industrial, por sua vez, acelerou na margem, refletindo as pressões de minério de ferro e de combustíveis.   Mercados operam em queda nesta quinta-feira, atentos às tensões sino-americanas e ao avanço da pandemia. Investidores monitoram também as negociações no Congresso norte-americano para aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal. Já o Banco da Inglaterra (BoE) manteve a taxa de juros em 0,1% e seu programa de compra de títulos em £ 745 bilhões, em linha com o esperado. No entanto, a previsão da autoridade monetária de que a economia britânica não retornará ao patamar anterior ao da pandemia antes do final de 2021 pesa negativamente sobre os negócios. Assim, os mercados acionários operam em queda e o dólar ganha força ante as demais moedas. Por fim, os preços contratos futuros de petróleo recuam.